Revista TPM
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Paladares exigentes

exigentes
Aspectos infantis da alimentação, Ratatouille

Há mais coisas entre a entrada e a saída do tubo digestivo do que as meras anorexia e bulimia. Elas são os dois extremos, consistem em recusar em bloco toda a alimentação ou comer tudo. No meio disso há milhares de nuances, pessoais e culturais. A única certeza é de que comer é sempre carregado de sentimento e simbolismo. Nosso primeiro alimento é sugado diretamente do corpo que nos gerou, é a continuação do cordão umbilical, não tinha como ser simples algo que representa o vínculo mais denso que teremos na vida.

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01/09/07 |
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A sedução do pirata

Sobre como amamos e nos identificamos com os piratas

Johnny Depp é uma gracinha. O pirata Jack Sparrow, de andar balouçante, é uma personagem imprevisível e fascinante. Não é um vitorioso, só é heróico só quando lhe convém, não é confiável nem mesmo para sua tripulação, o que não a impede de amá-lo, entre um motim e outro. As mulheres sempre terminam por esbofeteá-lo, mas só depois do beijo. O olhar castanho e sorrateiro de Depp, a sexualidade ambígua dos trejeitos do corsário, são muito diferentes do queixo quadrado, dos músculos e da personalidade previsível dos super-heróis que fazem a cabeça do público masculino. Não é essa nossa escolha: Sparrow é campeão de suspiros entre as mulheres, principalmente as mais jovens. Mas o que é que o pirata tem?

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01/08/07 |
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Eu não pedi para nascer!

Sobre o direito ao aborto

Dizem os pastores do rebanho de Deus que os embriões a Ele pertencem, se houve uma fecundação foi porque Ele assim o quis. Portanto uma vida pouco deveria aos pais que apenas reproduziriam conforme os desígnios do criador. Nessa lógica não precisamos perguntar em nome do quê resolvemos cometer esse ato tresloucado de gerar outro ser humano. Pena que ele vai ser mais à imagem e semelhança das nossas tentativas de acertar e das inevitáveis trapalhadas do que do Criador.

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01/07/07 |
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Espelho, espelho meu

Sobre institutos de beleza

Quando criança adorava assistir à montagem daqueles cabelos improváveis da década de sessenta. Elas colocavam rolos e penetravam em secadores espaciais. Depois a cabeleireira transformava tudo numa grande massa caótica, para só então modelar e recobrir a maçaroca com uma fina camada de laquê, formando um capacete mole. A hora do laquê era o máximo, a mulher segurava uma espécie de máscara sobre o rosto que a protegia daquele vapor petrificante. Enquanto isso as manicures e suas cadeirinhas infantis rastejavam entre as mulheres, numa múltipla cerimônia de lava-pés. O mais legal mesmo eram os esmaltes, ainda me apaixono por todos aqueles vidrinhos. Mais tarde assisti a rituais diferentes e igualmente complexos, como as escovas, onde toda aquela musculação fabrica um cabelo “natural”.

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01/06/07 |
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Mamma son tanto felice

Sobre as tristezas normais da maternidade

Dia das mães, todo ano a gente faz tudo sempre igual. Passados os ritos comerciais e gastronômicos, de tudo resta um pouco. São coisas não ditas, afeto que não se deixa encerrar, presentes de grego. Entre os silêncios, pelo cordão umbilical que nunca se corta transitam inúmeros segredos femininos, coisas que mulheres não passam de mãe pra filha, que não contam nem umas às outras, que ginecologistas não alertam e pediatras são obrigados a suportar. Dizem alguns que esses segredos visam preservar socialmente a maternidade, que, caso informadas do que nos espera, não a cometeríamos. Duvido. Dizem também que somos tagarelas e incapazes de guardar segredos, também não é bem assim.

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01/05/07 |
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Amiga, posso te dizer uma coisa?

Sobre a cruledade nas relações entre as mulheres

 Não vacile, responda sempre que não! E jamais faça essa pergunta. Essa frase é senha para uma bomba. Imagine a cena: achamos que uma amiga é apagadinha ou o contrário, parece um pinheiro de Natal; ou então que ela namora alguém que é um atraso na sua vida, que é muito grudada na família, que está deprimida, escondendo-se em casa, que é covarde ou preguiçosa frente aos um desafios, ou ainda que é carreirista e ambiciosa demais, assim por diante.

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01/04/07 |
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Uma verdade inconveniente

Sobre o livro Ele simplesmente não está a fim de você

Nós mulheres somos tão inteligentes que por vezes parecemos burras. Essa é a idéia que fica quando lemos um livro simplório e divertido escrito pelos roteiristas de Sex and the City, chamado: Ele simplesmente não está a fim de você. Ele sublinha, repetida e insistentemente, nosso hábito de recobrir amores frustrados com milhares de desculpas e explicações.

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01/03/07 |
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Lua adversa

Sobre a Tensão Pré Menstrual

Temos fases, como a lua: fases de ser autoritárias, queixosas ou vingativas com os colegas de trabalho; de ficar furiosas em casa por motivos aparentemente irrelevantes; de chorar por tudo, tudo mesmo; de sentir-se exaustas de viver; certas de estar sendo maltratadas e de ser as piores mulheres no pior dos mundos. Nome técnico desse quadro: TPM. Parece que somos portadoras de uma doença cíclica, que até justifica certa tolerância social. Há um litígio em curso com a nossa anatomia, que nos autoriza a ficar histéricas com licença médica uma vez por mês. 

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01/02/07 |
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Precisamos falar sobre o Kevin

Sobre o livro de Lionel Schriver e os desencontros na maternidade

Durante milênios, submetemo-nos docilmente ao mandato do crescei e multiplicai-vos. Os homens entravam com o nome, nós com o corpo. Úteros escravos, peitos serviçais, não nos cabia escolha. Mas fomos progressivamente assumindo a liberdade que o progresso da anticoncepção nos deu. Aprendemos que era possível escolher se iríamos engravidar ou não, sem ter que virar freiras ou celibatárias.

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01/01/07 |
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Madame Carlota

Sobre o misticismo feminino

Macabéa, personagem de “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector é pior que feia, é um nadinha de gente. Moça que “ninguém olhava na rua, era café frio”, com “olhar de quem tem uma asa ferida” e, pior, nem sabia que era infeliz. Essa figura insípida teve um único momento de glória na vida: quando consultou Madama Carlota, médium e cartomante. Prevendouma paixão com um estrangeiro rico, de olhos azuis, a Madama fez brotar uma mulher das entranhas daquele corpo árido. Quando ela poderia sequer ousar fantasiar uma coisa dessas? Saiu de lá “grávida de futuro”, sabendo que um dia ia botar corpo, ser amada. Mais não conto a modo de não estragar a história.

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01/01/06 |
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