De volta à querência

Ah, é complicado ser gaúcho!

Como os outros brasileiros veem os gaúchos é uma questão. Como nós nos vemos é outra. Uma terceira, seria como entendem nosso estado aqueles de nós que percorreram caminhos mais largos no mundo. Eu prefiro a última. Afinal, é alguém que nos conhece e sabe do mundo. Como é daqui, gosta desse pago e não joga contra por jogar. Em suma, é um de nós com a dádiva de um olhar deslocado pela experiência estrangeira.

E o que dizem de nós os gaúchos que voltaram? Ouvi muitos relatos desses que têm esse olhar ao mesmo tempo forasteiro e crioulo, até que esses dias escutei um mais aguçado: do Walter Lidio Nunes, um gestor de empresa interessado em questões sociais. A fala dele precipitou um entendimento que já me perseguia. Ele diz que um pouco da crise pela qual nosso estado passa deve-se a nossa peculiar mentalidade conservadora.

Não entenda conservador como uma maneira mais lenta de assimilar o novo, trata-se de uma resistência à novidade, mesmo que ela seja melhor. E isso em qualquer setor, por exemplo: um engenheiro propõe uma maneira mais barata, mais eficaz e mais ecológica. Razões mais do que justas, mas a resposta é: mas nós sempre fizemos assim, por que mudar?

A novidade é vista aqui com desconfiança por ser sentida como estrangeira. O gaúcho parte do princípio de que o outro estaria querendo lhe tirar algo, logo, o que vem de fora é potencialmente prejudicial.

Já estamos acostumados com o conservadorismo de domingo, ao modo do MTG, a questão que interessa nesse caso é essa inflexibilidade nos dias de semana, que compromete os avanços do estado em várias áreas. Walter comenta que somos conhecidos pelas bipolaridades irreconciliáveis, praticamente não mudamos de opinião. Achamos que mudar é falta de caráter, preferimos seguir no engano, mostrando uma coerência com a história pessoal e não com a realidade fática. Capturados em reafirmar as pequenas diferenças, esquecemos as enormes convergências. Não nos interessa se a ideia é boa ou ruim, mas de quem ela veio, e a discordância é sempre em bloco, sem nuances. Transformamos a saudável discussão política em paixão clubista. Ou seja, facilmente atolamos pela incapacidade de atuar juntos. Em suas palavras: nosso estado se guia pelo retrovisor e não olha para frente.

São teses duras que infelizmente me fazem eco. Espero, pelo bem do estado, que estejamos enganados e que nos desmintam, que mostrem existir áreas em que ponteamos, em que somos inovadores. Mas por favor, com fatos, não com ufanismo, por que isso já é a inflação que acusa uma falha no valor. O orgulho exacerbado de ser gaúcho é uma resposta à queda de nossa importância politica e econômica no quadro do Brasil.

4 Comentários
  1. Elaine Albrecht permalink

    Gaúcho ! Nem sabe do q se orgulha! Nem sequer ganhou a revolução! É machista, conservador, homofóbico, racista, péssimo amante, e burro, porque não aceita mudar mesmo sabendo que precisa e que seria para melhorar! Além disto maltrata seus animais, nos rodeios, nas campeadas, até mesmo os cavalos, q eles dizem amar tanto, como símbolo dos pampas! Figura lamentável!

  2. Elaine Albrecht permalink

    Gaúcho ! Nem sabe do q se orgulha! Nem sequer ganhou a revolução! É machista, conservador, homofóbico, racista, péssimo amante, e burro, porque não aceita mudar mesmo sabendo que precisa e que seria para melhorar! Além disto maltrata seus animais, nos rodeios, nas campeadas, até mesmo os cavalos, q eles dizem amar tanto, como símbolo dos pampas! Figura lamentável!

  3. Reis permalink

    Elaine, foi mal amada por um Gaucho?ou levou guampa mesmo.

  4. Fernando permalink

    Parabéns pelo texto. Mesmo concordando com tuas palavras (e as de Walter), saliento uma area na qual os gauchos são, sim, inovadores e vanguardistas em relação ao Brasil: area jurídica. As decisões dos Tribunais do Estado são altamente respeitadas e consagradas como sendo vanguardistas e altamente qualificadas.

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